Passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos (1Jo 3,14). Quando começamos a amar, saímos do túmulo do nosso egoísmo, o Senhor nos traz uma nova vida, a vida da ressurreição. E quanto mais amamos os irmãos, mais experimentamos a vida dos ressuscitados, mais sentimos o desejo de levar ao mundo essa plenitude de vida, aquela da qual Jesus disse:
“Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância”. (Jo 10,10)
Ele veio para nos ensinar a lei do Céu, que é o amor, para que possamos viver sua vida, e vivê-la em plenitude. Quando começamos a amar, experimentamos que passamos da morte para a vida. É claro que quanto mais forte é a sua morte, mais forte é a alegria da vida, mais forte é o desejo e a responsabilidade de dizer: “Meu irmão está como eu estava. O que devo fazer? Esquecer-me dele?”. Não. É impossível!
Então você deseja testemunhar ao mundo e, ainda que morto de cansado, acabado, você sente esse fogo que o impulsiona a testemunhar, a gritar a muitos outros esse grande milagre que o Senhor realizou e que continua a realizar na sua vida. Isso não significa que, como você passou da morte para a vida, não haja mais provações, não haja mais sofrimentos e tudo seja alegria, tudo seja céu, tudo seja paraíso, tudo comunhão com Deus…
Porque muitas vezes na nossa vida nos sentimos em combate espiritual?
É uma experiência que, quem empreende uma caminhada espiritual, tem de vivenciar. Antes eu sofria, e sofria por causa do meu pecado, por continuar a fazer uma série de coisas que me levavam a “me manchar” continuamente e a manchar os outros quer respondiam à minha agressão manchando-me. Assim, havia muito sofrimento que decorria fundamentalmente do meu pecado.
Quando, porém, tento viver a vida da graça, o sofrimento não deixa de existir por eu não pecar mais. Oxalá fosse assim! O sofrimento que provoco, fazendo coisas que me destroem, diminui. O sofrimento que os outros me provocam quando respondem ao mal que lhes faço é menor, mas o sofrimento é o mesmo.
Além disso, existe todo o sofrimento da purificação, da mortificação, do combate contra todas as minhas paixões e as minhas pulsões. Há um sofrimento que se deve à batalha contra o “homem velho” e há um sofrimento que se deve ao combate espiritual. Depois, há o sofrimento que vem da escolha dos irmãos que amamos. Cristo nos revela o grito do Pai. O grito do Pai nos revela que Deus sofre quando vê seus filhos escolherem o pecado. Também nós, em nossa pequena escada, às vezes vivemos esse tipo de sofrimento.
Como faço, então, para estar na alegria quando existem todos esses sofrimentos? Tem três frases do Evangelho, muito luminosas, que são uma chave importante para entendermos o significado da alegria. Nem sempre é a alegria do entusiasmo, a alegria explosiva, a alegria que não se consegue conter. É uma alegria fruto da virtude, da graça e, às vezes, da vontade.
Tiago em sua Carta escreve:
“Meus irmãos, tende por motivo de grande alegria o serdes submetidos a múltipla tentações, pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à perseverança; mas é preciso que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência”. (Tg 1,2-4)
Posso enxergar com olhos humanos toda a provação que se apresente a mim, e dizer: “Que desgraça! Que escoria que você é!”. Mas posso considerá-la uma bancada de teste para que a virtude se desenvolva em mim. Repito, porém, que não é espontâneo considerá-la perfeita alegria. Devo aplicar toda a minha vontade.
A perfeita alegria nasce de um ato de vontade, de um ato de virtude, de ascese, pelo que, ainda que algo nos fizesse sofrer, nos ferisse, nós nos esforçamos para considerá-lo perfeita alegria. Quanto mais conseguimos fazer com que todo sofrimento que vivemos se torne uma provação que produza perseverança, a fim de sermos “perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência”, mais essa perfeita alegria fará morada em nosso coração de modo permanente, como fruto do Espírito. Caminhando segundo o Espírito, escutando a voz de Deus em nosso íntimo, obtemos frutos que são a paz, o amor e assim por diante (cf Gl 5,22) e temos a alegria no coração.
São Pedro afirma em sua Primeira Carta:
“Nisso deveis alegrar-vos, ainda que agora, se necessário, sejais contristado por um pouco de tempo, em virtude de várias provações, a fim de que a autenticidade comprovada da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, cuja genuinidade é provada pelo fogo, alcance louvor, glória e honra por ocasião da Revelação de Jesus Cristo”. (1Pd 1,6-7)
Assim, temos duas certezas:
Enfim, temos uma certeza ulterior, que nos ajuda a permanecer na alegria, apesar do sofrimento: “Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8,28). Não se trata de uma certeza que temos graças à razão, à lógica. É a certeza que vem da fé na Palavra de Deus. Hoje tenho essa certeza porque a comprovei muitas vezes, mas, antes de chegar a comprová-la tantas vezes, é necessário crer mesmo sem entender. Tenho fé na Palavra de Deus e, portanto, creio que, se determinado fato doloroso está acontecendo, ele contribuirá para um bem! Creio nisso porque a Palavra de Deus me garante: “Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam”.
Chiara Amirante
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